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POLÍTICA Terça-feira, 18 de Junho de 2019, 20:01 - A | A

18 de Junho de 2019, 20h:01 - A | A

POLÍTICA / Demagogia e populismo

Um deputado que surfa na onda da corrupção intelectual

Ulisses Moraes faz da fraude a inteligência um estilo de vida e um método de mistificação para se manter no poder

EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra



O livro “A Corrupção da Inteligência – Intelectuais e Poder no Brasil” (Ed. Record), do antropólogo social carioca Flavio Gordon, explica a construção do petismo no Brasil e sua blindagem a crítica por meio de uma narrativa que sobreviveu ao mensalão e somente foi desconstruída pela operação Lava Jato.      

A imagem do PT ético e de Lula honesto foi construída por intelectuais de esquerda com o beneplácito de jornalistas incapazes de perceber o que pretendiam os adeptos de Marx e Gramsci. O monstro surgiu e operou com o apoio explícito ou tácito do poder cultural. Lula se considera um réptil – jararaca – que reluta em sair de cena. Ele ainda tem o apoio de considerável parte da indústria cultural.      

Pois é, os fatos se repetem e, por vezes, de forma inusitada.      

O deputado Ulisses Moraes, afora a incoerência que norteia sua atuação no parlamento, formalmente se diz adepto do liberalismo econômico. Não chega a ser um girondino. Às vezes, dado seu poder de mistificação e de razia intelectual, se assemelha a um jacobino da extrema esquerda.

Falsear a verdade para ludibriar a opinião pública não me parece uma atitude própria de um indivíduo liberal na economia e conservador dos valores morais, filosóficos, éticos, teológicos e familiares aceitos pelo conjunto da sociedade.      

Mentir e praticar corrupção intelectual não é coisa apenas da esquerda. Nesse particular, Ulisses Moraes segue o exemplo de Lula, Dilma, Zé Dirceu, Gleisi Hoffmann, Jean Wyllys, e de tantos outros falsários notáveis da esquerda.      

Moraes pegou garupa na Proposta de Emenda Constitucional - PEC 19/2019, de autoria das lideranças partidárias, que regulamenta a eleição para membros da Mesa Diretora do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE), para fazer seu showzinho de demagogia e empulhação.      

De acordo com a proposta, o artigo 49 da Constituição Estadual será alterada para que, “na eleição da Mesa Diretora do TCE, somente os conselheiros poderão votar e ser votados, ainda que em gozo de licença, férias ou afastamento legal”.  

O deputado Ulisses, mesmo sendo advogado e filho de advogado comissionado no próprio tribunal de contas, buscou a hermenêutica da esgotosfera e deu a expressão “afastamento legal” a interpretação da conveniência.      

Ora, afastamento legal não se confunde com afastamento por ordem judicial. O primeiro diz respeito a afastamento para gozo de férias, para tratamento médico ou por outro motivo previsto em lei. Já por afastamento judicial compreende a suspensão do exercício da função e de seus consectários.      

Na condição de encantador de tolos ou animador de torcida virtual, Moraes discursou para a imprensa:      

“Com relação a presente emenda constitucional, se eventualmente o conceito de afastamento legal abarcar o judicial, a meu ver, é um escárnio, pois daria voz e voto a conselheiros afastados suspeitos de corrupção. Afastados, diga-se de passagem, por decisões judiciais de diversas instâncias e que são respaldadas em provas. Não há como permitir isso”.      

Ulisses falta com o dever de honestidade intelectual. Os conselheiros foram afastados por uma única canetada de Luiz Fux, do STF, no bojo da premiadíssima delação de Silval Barbosa. E mais: inexiste provas idôneas para justificar a decisão do togado da Suprema Corte. A Polícia Federal até agora não encontrou nada que possa lastrear uma denúncia por parte do MPF contra os membros do TCE.      

O conselheiro afastado Antônio Joaquim declarou que Ulisses comete “grave desonestidade jurídica” ao afirmar que decisões judiciais de diversas instâncias estariam respaldadas em provas. “Não há um fiapo de prova contra mim. A única coisa que tem contra mim é a palavra de um bandido confesso, que é o Silval Barbosa”, disse.    

A imprensa que não foi capaz de entender os propósitos do petismo, que não soube avaliar o que essa agremiação pretendia com a construção da narrativa de monopólio da ética, e, por sedução ou deslumbramento, ajudou na gestação do monstro que devorou as economias, finanças, sonhos e esperanças do Brasil, não pode deixar de questionar figuras que surfam na onda da corrupção intelectual.    

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