Da Redação
A Bronca Popular
A direita decidiu enxergar no comercial da Havaianas uma “chinelada” simbólica na bunda dos bolsonaristas. Poderia até ser verdade — mas não foi.
O vídeo estrelado por Fernanda Torres não carrega ataque político explícito, nem subliminar. Ainda assim, a milícia digital mobilizada pelo clã Bolsonaro reagiu como se tivesse sido alvejada em praça pública.
Não por ingenuidade, mas por cálculo.
A fúria fabricada tem objetivo claro: manter a bolha aquecida, indignada, em permanente estado de guerra cultural. E, se possível, colar essa histeria ao nome de Flávio Bolsonaro, o pré-candidato que patina nas pesquisas, não empolga o eleitorado e não consegue sequer unificar antigos aliados que comiam no cocho quando o pai ocupava o Planalto.
O boicote virou espetáculo. Eduardo Bolsonaro, falando dos Estados Unidos, jogou chinelos no lixo como quem lidera um levante épico. Parlamentares seguiram o script, influencers amplificaram o surto e a base engoliu a narrativa sem mastigar.
O resultado concreto? Prejuízo milionário para a Alpargatas na Bolsa, enquanto a direita comemorava uma vitória imaginária contra um inimigo que ela mesma inventou.
Trata-se menos de Havaianas e mais de sobrevivência política. Sem governo, sem projeto e sem discurso novo, resta à direita radical produzir escândalos artificiais para fingir vitalidade.
O problema é que, fora da bolha, o país segue andando — com os dois pés no chão — enquanto eles brigam com um par de chinelos.













