EDÉSIO ADORNO
Redação
O fracasso da monumental campanha pelas “Diretas-Já”, que tinha entre seus líderes exponenciais o cuiabano Dante de Oliveira, redundou na eleição, pela via indireta, em 15 de janeiro de 1985, da dupla Tancredo/Sarney.
O carequinha de Minas Gerais morreu no Hospital de Base do Distrito Federal, antes de ser empossado na presidência da República. Sorte de Sarney, que virou presidente e, sob a promessa de abater o dragão da inflação de mais de 250% registrada no último ano de governo do general João Batista de Figueiredo, lançou um pacote de medidas econômicas chamado Plano Cruzado.
Sarney congelou preços de gêneros alimentícios, remédios, combustíveis, criou uma coisa chamada “tablita” e estimulou o povo fiscalizar os preços nos estabelecimentos comerciais. Surgiam assim, na crista de uma devastadora crise econômico-financeira e social, os “Fiscais de Sarney”.
34 anos depois, no bojo da maior crise sanitária da história da humanidade, que avança descontrolada por todo o território nacional, o presidente Jair Bolsonaro busca no populismo uma alternativa temerária para garantir leitos de UTI para os infectados.
A recomendação de Bolsonaro para seus seguidores é invadir hospitais públicos e filmar tudo para saber se os leitos estão de fato ocupados por doentes da covid-19. Empunhando celulares, os “Fiscais de Bolsonaro” já entraram em ação.
O Plano Cruzado se converteu no maior estelionato eleitoral político que se tem notícia.
Nas eleições de 2016, o PMDB fez barba, cabelo e bigode nas urnas. O PFL, hoje DEM, também se beneficiou das promessas de prosperidade contidas no tristemente famoso Plano Cruzado de Sarney, Funaro et caterva.
Será que os “Fiscais de Bolsonaro”, que terão que revirar necrotérios e vasculhar leitos infectos da covid-19 para checar os números divulgados terão um final menos vergonhoso e infeliz do que tiveram os adeptos de Sarney?