Uma estrofe da canção Espinheira Danada, do interprete e compositor Dalvan, que fez parceria com Duduca, poderia servir de alerta para os mercadores da fé que fazem da religião um instrumento político de manipulação da crença de ingênuas criaturas.
Diz a canção:
Êta, que gente danada / Que esquece de vez a palavra cristã. Ah! Eu queria só ver / É se Deus se zangasse e voltasse amanhã / Seria um Deus nos acuda / Um monte de Judas querendo perdão / Com tanta gente graúda / Implorando ajuda, com a Bíblia na mão.
Em período de eleição, quando a temporada de caça ao voto é liberada pela justiça eleitoral, igrejas se transformam em ponto de peregrinação - verdadeira meca para os abutres da política. Os vendilhões do templo celebram bons negócios, praticam livremente a mercância da fé. Sem pudor e nem temor, 'abençoam' até quem já deveria ter sido condenado por seus pecados contra a população.
Em junho deste ano, o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, apóstolo Valdemiro Santiago, gravou um vídeo para abençoar o projeto do deputado federal Neri Gueller de disputar o senado federal. A 'benção' do religioso que vendeu feijão para curar covid-19 parece não ter surtido o efeito prometido. O presidente Jair Bolsonaro declarou apoio à reeleição do senador WF e Neri correu para os braços de Lula.
Na última quinta-feira, um grupo de pastores mandou Neri ajoalhar, colocou as mãos sobre sua cabeça e orou por sua eleição.
Permanece atual o alerta de Dalva: "Ah! Eu queria só ver / É se Deus se zangasse e voltasse amanhã / Seria um Deus nos acuda / Um monte de Judas querendo perdão / Com tanta gente graúda / Implorando ajuda, com a Bíblia na mão".