Da Redação
Blog Edição MT
A candidatura de Abílio Brunini (PL) à prefeitura de Cuiabá é um exemplo clássico da incoerência que marca a atuação de muitos políticos da extrema-direita brasileira.
Conhecido por seu discurso negacionista, Brunini faz críticas ferozes à imprensa tradicional, nega a eficácia das vacinas contra a Covid-19 e frequentemente desmerece a credibilidade das pesquisas eleitorais.
No entanto, os números revelam que, apesar de desacreditar os institutos de pesquisa, ele já torrou quase meio milhão de reais em pesquisas quantitativas e qualitativas.
Brunini declarou que as pesquisas "estão confusas", mas curiosamente não hesita em usá-las quando é conveniente para sua narrativa. O que o candidato diz e o que faz são polos opostos de um abismo de incoerência. Enquanto despreza publicamente as pesquisas eleitorais, afirma que suas "pesquisas internas" o colocam em uma posição favorável. A realidade, porém, é que ele já gastou R$ 420 mil para realizar esses levantamentos, financiados pelo fundo eleitoral. O paradoxo aqui é evidente: o político que desacredita as pesquisas é o mesmo que gasta uma fortuna com elas.
A retórica bolsonarista de desprezo pelas instituições e pelos métodos tradicionais não se sustenta quando confrontada com a prática: enquanto condena o uso de placas e o gasto com propaganda tradicional, Brunini já desembolsou R$ 210,5 mil com impulsionamento de conteúdo nas redes sociais, seu reduto político.
Abílio Brunini é mais um exemplo do que há de pior na política contemporânea: um discurso populista e combativo que desmorona diante da realidade prática de quem sabe muito bem como usar e abusar do sistema que critica. Em tempos de crise e desinformação, sua postura revela um padrão que merece ser questionado pela população cuiabana. Afinal, entre a fala e a ação de Brunini, a única coisa clara é a contradição.