Da Redação
Blog Edição MT
Após a controvérsia gerada pela proposta de Lemoine, que defende o 'aborto de homem', ao anunciar que pretende apresentar projeto de lei no qual a mulher gestante teria um prazo para informar ao suposto pai seu estado de graviz e ele, por sua vez, poderia aceitar ou não ser pai do nascituro.
Militante do partido A Liberdade Avança, fundado por Milei há dois anos, Lemoine deu entrevistas durante a campanha que repercutiram fortemente dentro e fora da Argentina, ao dizer que criaria um projeto que permitiria aos homens negar a paternidade de seus filhos – situação que o movimento feminista chama de “aborto masculino” e que se trata de um problema real, dada a grande quantidade de crianças que não possuem o nome da figura paterna em suas certidões de nascimento
Derrotado pelo candidato governista Sergio Massa terminou na frente nas eleições realizadas neste domingo (22) na Argentina, o entorno do candidato ultraliberal Javier Milei atribuiu o resultado da eleição a rejeição da proposta de Lemoine.
Após o resultado das urnas, Milei emitiu uma única declaração que refletiu um distanciamento em relação à sua aliada.
Esse movimento parece sugerir que seu círculo mais próximo já havia percebido o impacto negativo do episódio em sua campanha.
Milei afirmou: "Nosso partido defende o princípio da liberdade, e cada candidato nosso tem a liberdade de apresentar o que quiser, os liberais não são uma manada."
Com essa afirmação ambígua, o presidenciável não deixou claro se apoiava ou rejeitava a proposta de sua aliada, ao mesmo tempo em que tentava se desvincular dela.
Além disso, Lemoine não esteve ao lado de Milei no discurso proferido pelo extremista algumas horas após o anúncio dos resultados eleitorais. Isso contrastou com o que aconteceu com a maioria dos novos parlamentares eleitos pelo partido A Liberdade Avança, que estiveram presentes tanto na Província de Buenos Aires quanto na Cidade de Buenos Aires.
A reação da extrema direita argentina, ao tentar culpar Lemoine pela derrota de Milei no primeiro turno, é comparável à resposta de grande parte do bolsonarismo após o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil em 2022.
Nesse contexto, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi apontada como bode expiatório pelo fracasso de Jair Bolsonaro em sua tentativa de reeleição.
De acordo com alguns assessores, a repercussão de um vídeo no qual a parlamentar persegue um homem negro com uma pistola pelas ruas de São Paulo, incidente ocorrido na véspera do segundo turno, teria sido decisiva para que o ex-presidente não obtivesse a reeleição.
Esses paralelos destacam a recorrência de estratégias de responsabilização de aliados controversos por resultados eleitorais negativos, tanto na Argentina quanto no Brasil. (Com informação do Opera Mundi)