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BLOG / MORAL EM COLAPSO

“Lapso de memória” de R$ 430 mil escancara farsa moral de Sóstenes

Justificativa do líder do PL não se sustenta nos fatos e ridiculariza o conceito de memória e legalidade

Da Redação
Blog Edição MT



Gaguejando, visivelmente nervoso e mal ensaiado, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) tentou explicar o inexplicável: R$ 430 mil em dinheiro vivo encontrados pela Polícia Federal em seu quarto durante operação autorizada pelo ministro Flávio Dino, do STF.

A justificativa beira o escárnio.

Segundo o líder do PL na Câmara, tudo não passou de um “lapso de memória”.

Convém lembrar: lapso de memória é esquecer um nome, uma data, um compromisso. Não é esquecer quase meio milhão de reais dentro do guarda-roupa. Isso não é falha de lembrança — é insulto à inteligência coletiva.

Cristão, patriota, evangélico, bolsonarista estridente e cria política do pastor Silas Malafaia, Sóstenes construiu carreira vociferando moral, família e bons costumes. Mas, diante da PF, o discurso desmorona como castelo de cartas. Quem não deve, guarda dinheiro em banco. Quem age dentro da lei, não mantém fortuna em espécie como se estivesse acima das regras que regem o cidadão comum.

O deputado ainda alegou que o dinheiro seria fruto da venda de um imóvel em Minas Gerais. Falou muito e provou nada. Não apresentou escritura, contrato, recibo, endereço do imóvel ou identidade do comprador. Tudo ficou no terreno da palavra — terreno fértil para mais um conveniente “lapso de memória”.

A tentativa de normalizar o absurdo revela algo maior: a completa desconexão entre o discurso moralista e a prática política. Quando a retórica da fé serve de escudo para esconder contradições, a hipocrisia deixa de ser detalhe e vira método.

Sóstenes pode até tentar convencer seus seguidores mais fiéis. Mas, fora da bolha ideológica, a versão apresentada não se sustenta. Não é perseguição. Não é narrativa. É dinheiro, é fato e é investigação. E, dessa vez, nem a Bíblia no palanque nem o grito no plenário parecem suficientes para apagar o barulho das notas encontradas no quarto.

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