Da Redação
Blog Edição MT
A operação da Polícia Federal que escancarou o guarda-roupa do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, e encontrou R$ 430 mil escondidos em um saco preto, fez mais do que constranger dois deputados do Rio de Janeiro. Provocou pânico silencioso no Congresso e deixou a bancada de Mato Grosso em estado de alerta, ciente de que a devassa no uso da cota parlamentar pode não parar por aí.
A batida da Polícia Federal nas portas dos deputados Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcante caiu como um raio no Congresso — não pelo ineditismo, mas pela exposição.
A apreensão de R$ 430 mil escondidos em um saco preto dentro do guarda-roupa do líder do PL escancarou o que Brasília sempre soube e fingiu não ver: desviar dinheiro da cota parlamentar é prática antiga, metódica e disseminada.
O problema não é o “cotão”. É o uso que se faz dele.
Criada com verniz legal, a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar virou caixa-preta institucionalizada, com valores mensais entre R$ 36 mil e R$ 52 mil para gastos que vão de carros e jatinhos a jantares, motéis e até lanchas.
Entre 2015 e 2025, R$ 2,8 bilhões foram ressarcidos com transparência frouxa e fiscalização seletiva.
A operação desta sexta (19) deixou o Parlamento em polvorosa porque atingiu dois expoentes barulhentos da direita bolsonarista — e barulho, em ano pré-eleitoral, custa caro. O efeito colateral foi imediato: a bancada de Mato Grosso colocou as barbas de molho, salvo raras exceções que confirmam a regra.
Os números gritam. Em 2023, R$ 916 mil em jatinhos; um único deputado gastou R$ 157,7 mil. Houve refeições de luxo no Brasil e no Japão pagas com dinheiro público. O TCU já investigou nomes de vários partidos — sem PF na porta.
Agora, a porta foi arrombada. Vem aí um tsunami fétido no ventilador da bugrada. Paladinos da moralidade terão a máscara rasgada. O ano que vem promete — e promete sujeira à vista.












