Segunda-feira, 07 de Outubro de 2024

COLUNISTAS Sábado, 17 de Outubro de 2020, 22:24 - A | A

17 de Outubro de 2020, 22h:24 - A | A

COLUNISTAS / edesio adorno

Candidatos trocam as ruas pelo Whatsapp



Faltam menos de 30 dias para as eleições de prefeito, vereadores e, excepcionalmente, para senador. Até agora, nenhum candidato bateu em minha porta ou passou em minha rua distribuindo os chamados santinhos.  

Acho que não vou apertar as mãos e olhar nos olhos dos pretendentes ao meu voto e saber de viva voz e corpo presente o que eles pretendem para Tangará da Serra e nem como pretendem transformar ‘propostas’ em realidade.  

Percebo que os candidatos à Câmara de Vereadores encontraram uma alternativa melhor para fazer suas campanhas. Eles trocaram o contato com o eleitor, decidiram economizar sola de sapato e apostaram todas as fichas no Whatsapp. A cada dia recebo dezenas de mensagens e um volume expressivo de pedidos de amizade no Facebook.  

Receio que não querem minha amizade, apenas meu voto e, se possível, o de minha família também. Aprendi ao longo da vida que vereador é uma liderança fundo de quintal.  

É obrigação do vereador se preocupar com as questões comunitárias, tipo coleta de lixo, fornecimento de água, o serviço de esgotamento sanitário, iluminação pública, buracos nas ruas, funcionamento das escolas e creches, entre outras demandas que afetam o cotidiano da população.  

Em Tangará da Serra, alguns candidatos a vereança adotaram discurso de deputado estadual ou mesmo federal. Por falta de preparo e de formação política, prometem atuar em áreas que não tem nada a ver com as atribuições do legislativo municipal. Tem candidato a vereador que chega ao cumulo do desproposito de prometer trazer industrias, gerar empregos, construir casas e realizar pavimentação asfáltica. Claro, trata-se de um desejo, um sonho!  

Não vou aqui censurar nenhum candidato por prometer o impossível. Os responsáveis por tudo isso são os partidos políticos que não investem na formação de suas lideranças. Sem o devido preparo, cada candidato elabora sua plataforma, muitas vezes recheada de promessas mirabolantes, para tentar seduzir o eleitor. Um discurso artificial que nem o candidato consegue explicar ou sustentar  

Fui abordado, em um supermercado, por um candidato a vereador que manifestou o desejo de “sair na Bronca Popular”. “Vou entrevista-lo, então”, foi minha resposta.  

Antes de acionar a câmera do celular para fotografá-lo, o candidato esboçou um sorriso, ajeitou o colarinho da camisa, afastou um pouco, se posicionou de forma estática, elevou os abraços a altura do ombro, cerrou os punhos e apontou os dois polegares para o alto, em sinal de joia.  

O desdobramento da história inspira piedade.

O pobre rapaz foi lançado candidato a vereador apenas para cumprir tabela, ajudar na legenda do partido. Demonstrou ter boas intenções e efetivo amor pela cidade, mas sequer soube dizer qual é a principal atribuição de um vereador. Gente humilde sendo usada por dono de partido.

‘Meu entrevistado’ dificilmente será eleito, mas seus votos serão de grande utilidade para o partido.    

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