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COLUNISTAS Domingo, 22 de Novembro de 2020, 12:28 - A | A

22 de Novembro de 2020, 12h:28 - A | A

COLUNISTAS / EDESIO ADORNO

Tangará da Serra e a síndrome da megalomania coletiva



Ah, eu sei que vou tomar porrada dos sábios de WhatsApp. Vão dizer que sou contra a cidade e que agimos motivados pelo pessimismo paralisante. Essa gente sempre reage com pedras na mão contra quem contraria seus delírios.  

O mundo digital é um ambiente hostil a racionalidade. Claro, por lá também navegam pessoas cultas, esclarecidas e preocupadas com a situação atual e futura da cidade onde vivem, trabalham, produzem e cuidam de suas famílias.  

Essas pessoas, obviamente que não se equiparam aquelas que sofrem de um transtorno psicológico chamado megalomania, que é definido por fantasias e delírios de poder, grandeza e onipotência. São sensatas e lucidas!  

Durante a campanha eleitoral ferveu nas redes sociais uma histeria com contornos de síndrome de megalomania coletiva. Candidatos a prefeito e a vereador prometeram transformar Tangará da Serra em um polo industrial. Um discurso forjado apenas para confirmar o desejo da população, que sonha com uma cidade industrializada.  

Esse não é um desejo apenas de Tangará da Serra.  

Eleitores dos 141 municípios também manifestaram nas redes sociais o sonho de ver instaladas grandes industrias em suas cidades. Candidatos oportunistas alimentaram esse sonho de verão. Na política e na guerra, a verdade sempre morre!

Às vezes, falar a verdade não rende votos!    

A grandeza de Mato Grosso e da maioria de seus municípios é apenas imaginária, coisa própria de megalomaníaco. Na verdade, o estado é ainda um imenso vazio demográfico.  

Temos a 3º maior extensão territorial entre as unidades federativas. Mato Grosso fica atrás apenas do Amazonas e do Pará. O que isso significa, além de nada? Nada mesmo!  

Mato Grosso é quase duas vezes e meia maior que o vizinho Mato Grosso do Sul em termos de extensão territorial. Quando se fala de população e de cacife eleitoral, estamos praticamente no mesmo patamar.  

O Estado tem uma população é de 3.526.220 milhões de habitantes, sendo 2.317.102 milhões de eleitores. Representamos apenas 1,539% do colégio eleitoral do País, contra 1,284% de MS, que tem uma população de 2,809 milhões de moradores.  

Estado Periférico – apenas quatro municípios de São Paulo, Guarulhos, Campinas, São Bernardo do Campo e São José dos Campos juntos somam uma população superior à de Mato Grosso. Cuiabá, a Capital de todos os mato-grossenses, tem menos habitantes que Sorocaba, que é a 9º cidade mais populosa do estado de São Paulo.  

Deficiente na área de infraestrutura e logística, carente de energia elétrica, distante dos principais portos de exportação, dono de baixa densidade demografica e de um pequeno mercado consumidor, Mato Grosso precisa se reinventar, caso queira, crescer sob o signo do desenvolvimento.  

Reconhecer deficiências e limitações é o primeiro passo para construir alternativas que conduzam ao efetivo crescimento. Sonhar grande é saudável, fazer desse sonho uma megalomania não é nada, além de transtorno psicológico.  

Tangará da Serra precisa apostar suas fixas na agricultura familiar. Deve articular políticas públicas que resultem no incremento do comércio e da prestação de serviços. Fazer isso não é difícil, basta ter vontade política, quadros qualificados e competência administrativa.  

O prefeito eleito Vander Masson, com a estupenda legitimação de mais de 72% dos eleitores da cidade, reúne todas as condições para fazer a cidade fervilhar, gerar emprego e renda para a população a custo baixíssimo.  

As secretarias de Agricultura, Esporte, Turismo e Cultura não podem ser meros apêndices da administração, cuja maior utilidade é acomodar cabos eleitorais. Essas pastas, se bem articuladas, podem fazer a diferença na qualidade de vida da população de Tangará da Serra e de cidades vizinhas.  

Por que não se tem eventos gastronômicos de iniciativa da secretaria de Agricultura em parceria com feirantes, comerciantes do setor de alimentação e produtores da agricultura familiar?  

Por que não se tem um calendário anual de eventos esportivos (corrida de rua, campeonato de futebol, de vôlei, de basquete, de futebol de salão, de ciclismo, de jogos escolares, entre outros)?  

Por que não se tem um calendário de eventos culturais, tipo festivais, festas de época, natal, réveillon, carnaval e tantos outros?  

A secretaria de Turismo precisa atrair turistas, caso contrário, é preciso extingui-la. Não faz sentido manter uma secretaria apenas para garantir emprego para um colaborador de campanha.  

A realização de eventos dessa natureza atrai grande público para a cidade. E, claro, fortalece o comercio local, que naturalmente vai precisar de mais mão de obra.

O upgrade dessas áreas não impede que esforços continuem sendo mobilizados pela instalação de industrias na cidade. 

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Robson Kempa 27/11/2020

Boa análise. Porém carece dar uma olhada em um artigo do canal rural deste ano, onde coloca 22 municípios de MT entre os 50 maiores do agronegócio no país. Tangara está num raio de alcance de pelo menos 10 deles a menos de 500 km. Logo é viável pensar sim em um polo industrial de aproveitamento de matérias primas como soja, algodão, etc, que atravessam o município rumo a indústrias tanto em outros estados quanto no exterior.

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Tangará da Serra - Tangará da Serra/MT