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POLÍCIA Quarta-feira, 24 de Agosto de 2022, 08:16 - A | A

24 de Agosto de 2022, 08h:16 - A | A

POLÍCIA / GUERRA DE FACÇÕES

Mato Grosso tem cerca de 30 mil pessoas faccionadas, aponta desembargador

Mais de 11 mil pessoas estão presas nas unidades socioeducativas de MT; São 5.512 homens e 268 mulheres condenados e 5.007 homens e 282 mulheres e presos provisórios

Da Redação
Vitória Lopes



Dados trazidos pelo desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, apontam que mais de 11 mil pessoas estejam presas nas unidades socioeducativas de Mato Grosso. A estimativa também demonstra que 30 mil pessoas – entre detentos e familiares – estão envolvidas em facções criminosas.

Durante coletiva na segunda (22), o desembargador, que também é supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo de Mato Grosso (GMF), trouxe dados sobre o sistema prisional mato-grossense.

De acordo com o levantamento, 5.512 homens e 268 mulheres estão condenados. Entre presos provisórios, há 5.007 homens e 282 mulheres.

Nos últimos meses, diversos municípios têm sido palco de guerras de facções. A briga desencadeou até mesmo a Operação Dissidência, deflagrada pela Polícia Federal. Segundo Perri, as condições dos presídios levam ao aliciamento dos detentos às organizações criminosas, para poder sobreviver lá dentro.

“As condições precárias do sistema prisional têm propiciado o crescimento de jovens nas facções criminosas. Hoje, no Brasil, o déficit de vagas propicia exatamente esse alistamento. Como não podemos, em razão da deficiência de vagas, fazer a classificação dos presos, há um alistamento muito grande das organizações criminosas. O que acontece até para que o preso possa sobreviver dentro do sistema prisional”, explica.

O desembargador diz que as estimativas apontam que, atualmente 30 mil pessoas fazem parte de facções no estado. Isso porque o reeducando quando entra para a facção, envolve sua família também.

Esse aliciamento reincide sobre as mulheres também. Conforme detalha, 90% das mulheres do sistema socioeducativo foram coagidas pelos maridos ou outros familiares a participar das organizações criminosas, especialmente no tráfico de drogas.

“Mais de 90% das nossas presas estão recolhidas por tráfico de drogas, porque foram muitas vezes coagidas a levar drogas para outro estado da federação e para o próprio preso, dentro do presídio. Então, nós precisamos cuidar dessa ressocialização, e isso só é possível através do trabalho, emprego e da profissionalização”, disse.

 

Necessidade de Edução

Os números também detalham que 3.390 detentos tiveram remição por estudos. Ao todo, 2.731 estão matriculados no Encceja 2021, enquanto outros 3.281 participam do programa neste ano – um crescimento de 20%.

Outros 1.781 tiveram remição das penas por realizarem trabalho intramuros. Mais 843 detentos trabalham extramuros.

O desembargador volta a falar sobre a importância de investir na criação de mais vagas e construção de mais presídios, além de fomentar oportunidades para os detentos em relação a empregos e estudos.

"Vimos uma melhora das condições das cadeias, de 2019 para cá. Dentro de pouco tempo teremos condições dignas para os nossos presos cumprirem suas penas”, afirmou.

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