Da Redação
CÍNTIA BORGES, ANGÉLICA CALLEJAS E VITÓRIA GOMES
A Câmara de Cuiabá cassou, nesta quarta-feira (5), o mandato do vereador Marcos Paccola (Republicanos), pela acusação de quebra de decoro parlamentar.
Foram 13 votos favoráveis à cassação, cinco contrários, três abstenções e quatro ausências. "Resolução aprovada. Está cassado o mandato do vereador Marcos Paccola", anunciou o presidente da Câmara, Juca do Guaraná (MDB).
O anúncio foi recebido com gritaria por manifestantes da galeria.
O parlamentar é réu na Justiça pelo assassinato do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, ocorrido no dia 1º de julho, no Bairro Quilombo, em Cuiabá.
Conforme o regimento interno da Casa de Leis, era preciso a maioria absoluta dos votos para que o mandato dele seja cassado, ou seja 13.
Paccola pediu justificativa de voto e disse ter se decepcionado com colegas que votaram pela sua cassação e os acusou de integrarem uma “organização criminosa”.
“Com alguns aqui eu não me decepcionei. Mas vereador Lilo, Sargento Vidal, vereador Rodrigo Arruda e Sá, eu me decepcionei muito. Eu não acreditava que os senhor faziam parte da maior organização criminosa que existe em Cuiabá. E eu vou provar”, disse.
No lugar de Paccola, deverá assumir o suplente Felipe Correa (Cidadania).
Paccola chora
Antes da votação, o vereador tomou a tribuna para falar sobre o processo de cassação. A defesa do vereador se estendeu por mais 2h.
Ele citou trechos do inquérito policial, e criticou a relatoria do processo de cassação na Comissão de Ética, feita pelo vereador Kassio Coelho (Patriotas).
Visivelmente emocionado, com os olhos lacrimejando, Paccola disse não ter ficado satisfeito com o episódio que culminou com a morte do agente.
“Em momento algum me senti feliz ou satisfeito com o resultado, em se tratando principalmente de um colega de profissão. [...] Às vezes, ouvindo minhas falas, não tenham visto as minha lagrimas, nem as da minha família. Mas eu também tenho mãe”, disse o vereador.
Ele completou dizendo que poderia ter sido morto, posto que ‘Japão’ também estava armado. “Naquele dia, se a decisão que eu tomei não fosse aquela, muito provavelmente eu não estaria aqui”, disse.
Paccola, ao começar a fala, recebeu protestos da família do agente, que gritou por “Justiça”, na galeria da Casa de Leis.
Ainda durante o discurso, Paccola chorou e disse que não quer “benevolência” dos colegas, mas que “coloquem a mão na consciência”.
“Gostaria de dizer aos parlamentares que estão aqui: não quero benevolência. Não quero que os senhores votem para me ajudar ou me prejudicar, nem por influencia de A ou B, mas por suas próprias convicções”, disse.
“[...]Esse julgamento para mim é mais difícil do que o que vai acontecer no Tribunal do Juri. Porque aqui os senhores não estão julgando a culpabilidade do fato. Estão aqui para julgar três itens, que eu carrego como razão de existência: dignidade, honra e integridade”, afirmou.
“Não faço questão do meu mandato, isso não é minha renda principal. Não cheguei aqui com apoio de político, cheguei aqui por missão e propósito. E o que peço hoje é que coloquem a mão na consciência”, acrescentou.
Paccola ainda voltou a falar que, caso seja cassado, irá ingressar na Justiça para reverter o processo.
Veja como votou:
Pela cassação
Adevair Cabral
Chico 2000
Licinho Júnior, suplente do Pastor Jefferson
Ricardo Saad
Edna Sampaio
Juca do Guaraná
Kássio Coelho
Lilo Pinheiro
Marcos Brito
Mario Nadaf
Rodrigo Arruda e Sá
Sargento Vidal
Wilson Kero Kero
Contra a Cassação
Demilson Nogueira
Paulo Peixe, suplente de Eduardo Magalhães
Renato Motta, suplente de Dilemario Alencar
Sargento Joelson
Tenete-Coronel Paccola
Abstenção
Luiz Fernando
Felipe Correa, suplente de Diego Guimarães
Michelly Alencar