Edésio Adorno
Tangará da Serra
O candidato derrotado a prefeito de Tangará da Serra, Chico Clemente (PSD), fez uma limpa em sua página no Facebook. Ele deletou ou alterou a privacidade no modo de exibição de vídeos do horário eleitoral e de outras postagens.
Chico também trocou a foto de capa na plataforma. Ao invés de sua imagem pessoal, agora aparece o retrato de uma bem cuidada boiada da raça nelore zebuíno. À primeira vista, alguém pode supor que se trata de ostentação. Em verdade, não é nada disso. Chico é um homem de hábitos modestos.
Para entender porque Clemente estampou a imagem de seu plantel de zebuínos no Facebook é preciso buscar ajuda de uma ciência auxiliar e reconhecer, desde logo, que a mente humana é prodigiosa, complexa e fascinante.
Em momentos de medo, de perigo ou de sofrimento, nosso cérebro tende a encontrar um culpado ou a fabricar um, ainda que imaginários, como forma de escape a justificar aquela situação. Responsabilizar a China, Bolsonaro, o governador ou o prefeito pelos efeitos devastadores da covid-19 faz parte desse processo mental.
Quando Chico estampa a foto de sua boiada no Facebook, intuitivamente ele recorre a uma estratégia mental, definida pela psicologia como compensação. Por meio desta estratégia, ele “esconde, conscientemente ou inconscientemente, suas fraquezas, frustrações, desejos, sentimentos de inadequação ou incompetência em uma área da vida através de gratificação ou sucesso noutra área”.
No caso de Chico, trata-se de uma compensação positiva. A mensagem é clara: fracassou na tentativa de ser eleito prefeito, mas, em compensação, é um pecuarista de sucesso. A imagem da boiada no pasto prova isso.
A psicologia ensina ainda que as compensações positivas podem ajudar um indivíduo a superar suas dificuldades, frustrações e sensação real ou imaginária de perda. O processo mental compensatório também poder ser real ou imaginário.
