EDÉSIO ADORNO
Da Redação
“Sou deficiente auditiva. Perdi a audição aos 19 anos. Só leio lábios. Imagina se estou sozinha e preciso de ajuda? Não tenho como ligar. Então, acho que deveria criar uma ferramenta tipo um Whatsapp disponível para poder a gente entrar em contato”. A afirmação é da repositora em uma loja de materiais de construção, janea Aparecida dos Reis, 42 anos, mãe de três rapazes e avó de um bebezinho de dois anos de idade, mais conhecida por Jane Reis.
Como excepcional guerreira, Jane é uma tangaraense exemplar, que luta, trabalha e não deixa a peteca cair. Ela é pai e mãe ao mesmo tempo. Ser mãe solteira é um peso a mais que carrega nos ombros. O reducionismo feminino e o preconceito alimentados pelo velho machismo não obstaculizaram a caminhada dessa mulher obstinada pela vida – as dificuldades foram superadas.
“Sempre trabalhei pra criar meu filhos. A vida, as vezes, é injusta. Ser mãe e pai não é fácil. Mas com Deus ao nosso lado tudo fica mais leve. Trabalhei durante 10 anos na rede Modelo, aqui em Tangará da Serra, até abrir falência. Fui operadora de caixa, lendo lábios dos clientes”, conta.
Jane já acostumou a viver a vida sem ouvir o som da natureza. O que ela cobra é o direito de se comunicar com os órgãos do poder público. Pedir socorro à Polícia Militar, aos Bombeiros ou ao Samu é uma tarefa desgastante.
“É difícil, pois tudo é pelo telefone e nois que não podemos ouvir ao telefone? Somente digitando”, reclama e acrescenta que as lojas comerciais (nem todas, é verdade) já colocaram o Whatsapp a disposição de seus clientes”. Ela frisa que faz suas compras, desde roupas a medicamentos, pelo aplicativo de mensagens de texto. “Infelizmente, não temos essa facilidade de comunicação com os órgãos de segurança pública”, lamenta.
Resposta Fávero
Sensível a questão levantada pela cidadão Rejane Reis, o deputado Silvio Fávero determinou que sua assessoria estude o caso. “Cumprimento dona Rejane pela cobrança. Realmente é um caso que reclama atenção especial. É fato que o deficiente auditivo enfrenta uma barreira de comunicação quando precisa pedir socorro à PM, Bombeiros ou ao Samu”, afirmou o parlamentar, que se comprometeu em analisar a questão e, se for o caso, apresentar um Projeto de Lei para garantir esse direito aos deficientes auditivos.