Edésio Adorno
Tangará da Serra
A matéria que você vai ler abaixo é assinada por um dos mais qualificados jornalistas de Mato Grosso - Eduardo Gomes, o Brigadeiro. A notícia do adiamento (tomara que não ad eternum) do inicio da construção da Ferrovia de Integração do Centro Oeste (FICO), anunciado pelo ministro da Infraestrutura Tarcisio Gomes de Freitas, deveria cusar uma revolução no Vale do Araguia e despertar uma brutal onda de protesto contra aqueles que roubam o voto da região e atuam contra seus interesses. Infelizmente, nada disso vai acontecer e os trilhos da fico que poderiam proporcionar a integração de Mato Grossso, a partir de Agua Boa, com Goias, em Mara Rosa, vão continuar literalmente dormentes.
Eduardo Gomes escreveu:
O início da construção da FICO estava previsto para abril, em Mara Rosa (GO), de onde os trilhos avançariam para Água Boa, num trajeto de 383 quilômetros, com 18 pontes, três viadutos e áreas de recuo – onde uma composição aguarda a passagem de outra em sentido contrário. Das pontes, duas são grandes: sobre o rio das Mortes e o Araguaia.
A construção será de responsabilidade da mineradora Vale e foi orçada em R$ 4,8 bilhões. Porém o grupo que vencer a disputa pela concessão do transporte terá que construir a estrutura de embarque e desembarque nos extremos da ferrovia, em Água Boa e Mara Rosa.
A construção da FICO é resultado de uma costura administrativa. A Vale ganhou a prorrogação por 30 anos de duas concessões ferroviárias que terminariam em 2027: da Estrada de Ferro Vitoria-Minas (de Itabira/MG ao porto no Espírito Santo) e da Estrada de Ferro dos Carajás, no Pará e Maranhão, por onde se escoa minério de ferro de Carajás para o porto em São Luís, no Maranhão – ambas transportam passageiros.
A construção da FICO entre Água Boa e Mara Rosa está burocraticamente chancelada pelo Ibama e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Sobre o restante do trajeto, somente Deus sabe.
Com tudo pronto para o começo da FICO surge o aplaudido discurso de Tarcísio empurrando a obra para meados do ano. A fala do ministro ao lado dos senadores acontece pouco antes aprovação pelo Senado do novo Marco Regulatório das Ferrovias, em votação marcada para o próximo dia 24.
O governo federal tem interesse no Marco Regulatório, e os dois senadores têm objetivos eleitorais de olho em 2022, quando termina o mandato de Wellington, e Jayme mesmo sendo senador até 2026, em todos os pleitos apadrinha candidaturas.
O ministro Tarcísio ao tocar na mudança de data para o começo da FICO, o fez em meio a compromissos para estender os trilhos da ferrovia da Rumo, de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, cruzando Cuiabá. Na sequência Wellington antecipou que o presidente Jair Bolsonaro virá a Cuiabá no meado do ano, para botar os trens nos trilhos. Jayme e Wellington apostaram na euforia cuiabana com a Rumo e permitiram que a FICO fosse jogada debaixo do tapete.
A insistência dos dois senadores com os trilhos em Cuiabá e Lucas é puramente política: a capital tem o maior número de eleitores, e Lucas é a terra do vice-governador Otaviano Pivetta – vender a imagem do trem apitando naquela cidade, com as chancelas de Wellington e Jayme seria um golpe para Pivetta.
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