EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O serviço público de saúde de Tangará da Serra não é o pior de Mato Grosso. É relativamente satisfatório. A falta de gestão é o problema crônico. Para se ter ideia do descalabro que impera no setor, o chefe do hospital municipal é um agente administrativo, sem formação na área de saúde. Um leigo em gestão hospitalar. Mas está lá, via portaria, dependurado num gordo holerite de quase R$ 8 mil.
O problema, no entanto, é bem mais grave!
Por meio de decreto, o prefeito Fábio Martins Junqueira (MDB) tornou o programa Mais Médico não atrativo. Diversos profissionais já se desligaram, seja porque tiveram o contrato vencido ou porque perderam o interesse por Tangará da Serra.
No momento, seis postos de saúde estão sem médicos. Nos próximos dias, segundo o site apurou, mais dois médicos já anunciaram que vão deixa o programa
No momento, seis postos de saúde estão sem médicos. Nos próximos dias, segundo o site apurou, mais dois médicos já anunciaram que vão deixa o programa.
A prefeitura realizou concurso para a saúde, mas até agora chamou apenas um médico. Não há também previsão de seletivo. A situação pode se complicar para a população mais carente, que depende exclusivamente da saúde pública.
Exemplo de Sapezal
O prefeito de Sapezal, Valcir Casagrande, baixou o Decreto Nº 91/2019 para normatizar a concessão de ajuda de custo em pecúnia (dinheiro) aos profissionais vinculados ao município pelo programa Mais Médicos para o Brasil.
Casagrande determinou o valor da ajuda de custo para os médicos tendo como parâmetro a Portaria Nº 300, Ministério da Saúde/Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, que determina o valor mínimo e máximo para custeio de moradia e alimentação.
“O valor global mensal de ajuda de custo para cada médico integrante do "Projeto Mais Médicos Para o Brasil", vinculado à rede pública de saúde do Município de Sapezal/MT, será de R$ 3.520,00 sendo: R$ 2.750,00,00 mensais para o custeio de locação de imóvel (moradia) e R$ 770,00 mensais para o custeio de alimentação”, é o que determina decreto chefe do Executivo de Sapezal.
Vale destacar que o salário dos profissionais do Mais Médico Pelo Brasil é pago pelo governo federal.
A contrapartida do município se limita ao custeio do auxílio moradia e alimentação. Junqueira admite pagar apenas o valor exato do aluguel do imóvel locado pelo médico e ainda mediante comprovação.
Uma exigência não prevista nas portarias do Ministério da Saúde.
Esse auxilio serve como um estimulo a mais para o médico que decidiu deixar sua cidade de origem para prestar serviços em outras regiões do país.
Seis postos de saúde sem médicos é uma situação grave, sobrecarrega a UPA e pode ter consequências indesejáveis.
Se o prefeito não rever sua decisão, é provável que alguém pague com a própria vida por mais esse desatino da gestão.
Essa é a realidade que Junqueira esconde
O posto de saúde do bairro Altos da Boa Vista já está há três meses sem médico.
Os PSF dos bairros altos do Tarumã, Cohab, Tangará II, Centro e zona rural também estão desassistidos por médicos.
Em março, o posto de saúde do Jardim Presidente vai ficar sem médico.
Em maio, o profissional que atende a comunidade do Monte Líbano também vai se desligar do programa Mais Médico pelo Brasil.