Da Redação
O ex-juiz da Lava e ex-ministro de Justiça e da Segurança Pública do governo federal, Sérgio Moro, nunca foi um padrão de excelência ética no reino dos humanos. Quando reinava absoluto na República de Curitiba, o valente togado manipulou a força tarefa da Lava Jato para subjugar, oprimir e desmoralizar políticos e empresários.
Moro não se contentava apenas em aplicar a lei. Era preciso vilipendiar cadáveres e ultrajar a dignidade das criaturas, algumas ignóbeis, que passavam pelo purgatório da 13º Vara da Justiça Federal de Curitiba. Suas decisões repercutiam quase que simultaneamente na imprensa. O chefe da força tarefa da Lava Jato tinha uma equipe de marketing para fazer vazamentos a imprensa e alimentar seu egocentrismo exacerbado. Foi um magistrado midiático.
Elevado a condição de herói por uma sociedade escravocrata, Moro se fantasiou como tal e passou a ser reverenciado como o super-herói. Ainda hoje é considerado o cara que desbaratou a quadrilha Lulopetista e fez o bom combate da corrupção. De ego estufado, abandonou a magistratura e assumiu o ministério da Justiça e da Segurança Pública de Jair Bolsonaro. O herói da Lava Jato se imagina tão poderoso na República quanto o capitão.
Quebrou a tampa da binga.
Ministros serão sempre coadjuvantes.
No governo Bolsonaro, manda Bolsonaro.
Longe da magistratura, fora do governo e ainda mais longe da cobiçada cadeira no STF, Moro só tem um caminho a seguir: enfrentar as urnas em 2022. Bolsonaro, que até aqui era o nome, o líder e a personificação da direita, agora tem um oponente de peso no seu quintal.
Assim que a poeira baixar, nada impede que uma negociata, tendo uma poltrona no STF como moeda de troca, não resolva o entrevero entre Moro e Bolsonaro. Na guerra e na política, os desentendimentos, via de regra, são deflagrados por interesses pessoais. Bolsonaro busca a reeleição. Moro é uma pedra de tropeço, mas aceita a vitaliciedade da Corte Suprema de Justiça. Eles vão se acertar ou se engalfinhar.
Uma coisa é certa:
Moro e Bolsonaro são faces da mesma moeda. Um é o reflexo do outro. Ambos abusaram no discurso de combate a corrupção. Bolsonaro é um subproduto da Lava Jato. Não fosse essa operação, o impeachment de Dilma e a facada do maluco Adélio, é provável que Jair Bolsonaro ainda estaria brigando consigo mesmo no baixo clero da Câmara dos Deputados.