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POLÍTICA Segunda-feira, 14 de Setembro de 2020, 07:50 - A | A

14 de Setembro de 2020, 07h:50 - A | A

POLÍTICA / Queimadas no pantanal

O agro é pop, o agro é fogo, o agro é omissão e ganância!

Edésio Adorno
Tangará da Serra



O advogado e presidente em exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros em MT (CSB-MT), Antonio Wagner Oliveira, postou em um grupo de Whatsapp de Cuiabá uma crítica ao agronegócio que poderia deflagrar uma onda de protestos contra as poderosas entidades do setor que abocanham bilhões com incentivos fiscais e outras mutretas e nada fazem pela sociedade.  

Indignado, escreveu o sindicalista:  

Pois bem, o Agro tem centenas de aviões para despejar veneno na cabeça da população. Mas não se organizou até agora para disponibilizar parte dessa frota para ajudar a apagar os incêndios no Pantanal e todo o estado de Mato Grosso. O Agro é sim muito egoísta! Mama em 8 bilhões em renúncia fiscal e não doa uma cesta básica, nem ajuda no combate às queimadas que muitos deles causam!”.  

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A manifestação de Wagner, sintetizada com eloquência em poucas palavras, desnuda uma realidade abrasadora, cruel e desumana. Veja lá: enquanto o Pantanal arde em chamas e Mato Grosso vira cinza, a fumaça encobre praticamente todas as cidades e o ar se torna irrespirável, os ‘barões e tubarões’ do agronegócio se esbaldam na luxuria e congestionam o espaço aéreo com seus jatinhos de luxo em direção ao Sul do País em busca de temperatura amena e distante da fumaça.  

O fogo no Pantanal dizimou pastagem e fritou no campo uma quantidade ainda indeterminada de animais. O rebanho que sobreviver vai levar tempo para recuperar o peso e estar pronto para o abate. O pecuarista vai amargar enorme prejuízo e o preço da carne vai disparar devido à redução de oferta. O consumidor vai pagar o preço da omissão denunciada pelo sindicalista Antonio Wagner.  

A elite do agronegócio defende o liberalismo, o livre mercado e a redução do estado, desde que sobre apenas a teta que alimenta o setor. Os governos do Estado e da União estão fazendo o que podem, recursos públicos estão sendo investidos no combate ao fogo no Pantanal e em outras regiões de Mato Grosso. Aprosoja, Famato e Ampa, entre outras instituições, associações, fundos e sindicatos patronais, já deveriam ter mobilizado um esquadrão aéreo de combate ao fogo. Dinheiro não falta para financiar campanhas eleitorais e corromper o sistema.  

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A Famato, que vive às expensas do pecuarista, vai permanecer deitada no berço esplendido da omissão até quando?  

Os sindicatos rurais, muitos transformados em comitê eleitoral, não vão exigir providências?

Essas instituições parasitárias, de origem comunista, vão assistir o fogo devorar rebanhos e causar o empobrecimento do produtor rural?  Por uma questão de justiça, que fique claro: o homem do campo é duplamente explorado.

O homem que planta, cria e produz, gera emprego e renda, sempre cumpre com suas obrigações e ainda é vampirizado por um emaranhado de instituições inúteis, que sujam o sangue do produtor rural e se alimenta com incentivos fiscais e, não ramente, com sonegação de toda forma e natureza.   

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