EDÉSIO ADORNO
Em artigo publicado no site Metropoles, o ex-ministro de Lula, Zé Dirceu, convoca seus 'companheiros' para deflagrar manifestações de ataque ao governo do presidente Jair Bolsonaro. O petista quer o povo nas ruas. A ordem do petralha é reproduzir no Brasil os disturbios populares que sacodem o Chile, Peru, Venezuela e Bolívia. Dirceu age como um irreponsável e não demonstra nenhuma preocupação com as consequencias de eventuais atos organizados para desestabilizar o governo e espalhar o caos social pelo país.
Leia trecho do artigo assinado pelo maior cara de pau da República:
O grave em nosso país é que a nossa elite, que deu apoio ou compactuou com o golpe, a condenação e a prisão de Lula, fechou os olhos para as ilegalidades de Moro, e Dallagnol agora se opõe à agenda de extrema-direita de Bolsonaro, mas apoia suas “reformas” liberais de desmonte do Estado Nacional e das conquistas sociais e políticas da Constituição de 1988.
Mais grave é o papel exercido pelos militares, que não escondem seu apoio a dois eixos principais da política de Bolsonaro: o alinhamento total à hegemonia e à política externa norte-americana, e a radical política liberal e de mercado de Guedes. Chegaram ao ponto de em entrevistas ou no Twitter mandarem recados aos poderes constituídos, Legislativo e Judiciário, para endossar por vias indiretas – ou abertamente, como fez o superministro – a tutela militar ou senão simplesmente a ditadura via um novo AI 5.
Bolsonaro aos poucos propõe mudanças legais, que, na prática, legalizariam uma ditadura, como o uso sem embasamento constitucional das chamadas GLO [operações de Garantia da Lei e da Ordem] e a exclusão de ilicitude. Ao ameaçar o país com um novo AI-5, o governo revela seu medo de uma revolta popular e expõe sua face autoritária e antidemocrática.
A oposição liberal vacila e, comprometida com a pauta neoliberal, busca desesperadamente uma saída sem Bolsonaro, cala-se frente à tutela militar, mas seu verdadeiro temor é Lula, o PT e a oposição de esquerda. O presidente agride e repudia (começando pela Globo e pela Folha), avança em sua política autoritária, fundamentalista, religiosa e reacionária e se prepara para a reeleição.
Um espectro ronda as noites: o povo rebelado e insubmisso – e a saída militar, a ditadura.