O prefeito de Tangará da Serra, Fábio Martins Junqueira (MDB), postou, no último 17 de novembro, em sua página pessoal no Facebook, o informativo diário sobre a evolução da covid-19 no município. Na legenda, Junqueira escreveu: “continuamos em queda nos números da Pandemia do COVID (...). Os números seguem em baixa como podem ver”.
De acordo com a publicação, existem três pacientes internados em leitos de enfermaria e seis em salas de UTI do hospital municipal. Não resta dúvida que se trata de uma notícia alvissareira. Nada alvissara, no entanto, é a informação que se sobrepõe as boas-novas anunciadas pelo prefeito Fábio Junqueira.
Ora bolas, se o número de internação de pacientes covid-19 foi reduzido drasticamente, o que justificaria, então, contratação de uma empresa de Campinas/SP para gerir leitos de UTI e de enfermaria pela cifra quase pandêmica de mais de R$ 5 milhões? A licitação na modalidade pregão eletrônico (077/2020) foi realizada no último dia 21 de outubro. A empresa Medicar Emergências Médicas Campinas Ltda teria sido a vencedora do certamente para fornecer três lotes, a saber:
1º - Prestação de serviço especializado em Terapia Intensiva na gestão e operacionalização de recursos humanos fornecidos para os 13 leitos de UTI Adulto Tipo II no Hospital municipal de Tangará de Serra (R$ 2.172.970,00);
2º - Prestação de serviço especializado em enfermaria clínica na gestão e operacionalização de recursos humanos fornecidos para os 49 leitos no hospital municipal (R$ 2.769.900,00)
3º - Prestação de serviço especializado de mão de obra para os serviços de diagnóstico de Imagem por RX com dosimetria individual, sendo 07 técnicos no total (R$ 205.020,00)
Repita-se aqui que, segundo Junqueira, os casos covid-19 estão em queda livre e que atualmente existem apenas 09 pacientes internados no hospital municipal, sendo três em enfermaria e seis em leitos de UTI.
Ressalta-se que uma única vida importa e justifica qualquer gasto. Mas uma pergunta se faz necessária: a secretaria de Saúde do município não daria conta de gerir esses leitos destinados a pacientes covid-19?
Com o proposito de burlar a legislação trabalhista e escravizar os profissionais de saúde de Tangará da Serra, a Medicar Emergências Médicas Campinas Ltda teria exigido dos prestadores de serviços, inclusive médicos, que se tornassem sócios da empresa.
Uma empresa que responde Brasil afora a mais de 30 processos na justiça.