O prefeito Fábio Martins Junqueira (MDB) não conseguiu esperar até o próximo dia 24 para ver aprovado o Projeto de Lei 07/2020 que autoriza que 41 milhões de reais sejam investidos em um novo sistema de captação que buscará água do Rio Sepotuba. A votação foi marcada às pressas para esta quinta-feira, dia 19, às 09h da manhã. A estranha antecipação, no entanto, é explicada por um correligionário de Junqueira.
Segundo um membro do staff do prefeito, a aceleração do projeto pode resultar no voto contrário de pelo menos quatro vereadores. Isso não seria suficiente para reprovar o projeto, mas os votos contrários poderiam servir eleitoralmente. “Ficarão marcados como os vereadores que votaram contra o projeto que vai resolver a falta de água”, declarou pedindo sigilo de fonte.
Além disso, votos contrários podem acabar respingando em futuros adversários políticos. A oposição ao grupo do prefeito corre o risco de se “queimar”, caso vote contra o PL 07. Do ponto de vista administrativo, é inquestionável que a obra deve ser realizada.
O novo sistema de captação de água tem tanto apoio que é opinião geral que deveria ter sido construído alguns anos antes. Isso teria poupado o povo de muito sofrimento. Já que o prefeito esperou oito anos para então correr atrás, não seria por conta de cinco dias que a obra ficaria atrasada. Apesar disso, votar contra é dar a munição que Junqueira quer para atacar seus adversários.
UM PLANO QUE PRECISAVA DE QUINTÃO
Se por um lado é preciso aprovar o PL 07, por outro é preciso observar que a execução desse plano não poderia ocorrer sem a subserviência no comando da Câmara Municipal. Quem deveria defender o Legislativo, aceita antecipar uma votação apenas para criar uma “armadilha” para seus próprios pares. Ronaldo Quintão, que preside a Mesa, deveria zelar por seus colegas, independente do cordão umbilical que o liga ao prefeito Junqueira.
UMA FISCALIZAÇÃO MUITO, MUITÍSSIMO RIGOROSA
Se você leitor tivesse que analisar um projeto que vai permitir ao prefeito realizar gastos de R$ 41 milhões, acharia que isso deveria ser analisado com o tempo regimental, ou com velocidade turbinada?
Pois bem, o projeto terá que ser votado nesta quinta, sob pena de vermos funcionar a “armadilha” criada pelo prefeito com apoio de Quintão. No entanto, recomenda-se aos vereadores que façam todo o esforço possível para fiscalizar a licitação dessa obra e, depois, a execução.
Não apenas os vereadores, mas também a sociedade tangaraense como um todo. Se há caroço nesse angu, temos que saber.