EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O plenário do Senado aprovou, por 56 votos a 14, o texto-base do projeto que estabelece um teto para as taxas de juros cobradas em operações com cartões de crédito e cheque especial, de autoria do senador Álvaro Dias (Podemos-PR).
O líder do governo do senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), seguindo orientação do ministro Paulo Guedes (Economia) tentou impedir a aprovação da medida, mas não conseguiu convencer seus pares. O presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) considera o projeto aprovado pelo senado inconstitucional e promete engaveta-lo. Caso não consiga e seja aprovado pelos deputados, a equipe econômica do governo já adiantou que vai orientar o presidente Jair Bolsonaro para vetá-lo integralmente.
A Agência Senado, Bezerra declarou: "esta é uma matéria típica da insegurança jurídica. A presente proposição é um instrumento inconstitucional para tratar essa matéria. Não é por projeto de lei. Esta matéria tem de ser tratada, como já definiu o Supremo Tribunal Federal, por lei complementar. Nós vamos fixar por lei os juros de um produto financeiro e vamos terminar por elevar os juros de outros produtos”.
Prossegue o líder do governo: “o resultado tende a ser uma piora na disponibilização dessa modalidade de crédito. A instituição financeira tenderá a não conceder crédito sob determinado risco. Isso vai representar uma restrição na recuperação da atividade econômica do varejo brasileiro".
Rei do porco e sua incoerência
Em um vídeo gravado, neste sábado, diante a uma agência do Banco do Brasil de Matupá, o empresário e pré-candidato ao senado, Reinaldo Morais (PSC), conhecido como Rei do Porco, defendeu o projeto de Dias, que garante a redução de juros do cartão e cheque durante a pandemia do novo coronavírus.
Em sua fala, o suinocultor desanca, sem citar nome, o senador interino Carlos Fávaro (PSD), que votou pela rejeição do projeto. “Essa semana teve a votação lá no senado para redução da taxa de juros durante esse período de pandemia, durante esse ano de 2020, para reduzir o juro do cheque especial, para reduzir os juros do cartão de crédito”.
Emenda Morais:
“Sabe você, que passou dificuldade, que teve seu emprego dizimado, você que teve seu comércio fechado, que precisava de uma mão, que precisava de uma ajuda? Então: os senadores fizeram um projeto de lei para reduzir os juros e você acredita que aqui no Mato Grosso teve senador que votou contra a redução da taxa de juros?”
Conclui o pré-candidato ao senado:
“A quem que nós estamos apoiando? A quem que nós estamos defendendo? É a população do Mato Grosso, é o pequeno comerciante, é aquele que está necessitado, que precisa, né, de um aporte financeiro pra poder manter seus negócios ou é (sic) os grandes banqueiros? Pense nisso”.
De acordo com a fala do rei do porco, caso seja eleito senador, ele não será totalmente leal ao presidente Jair Bolsonaro e nem sempre seguirá a orientação do líder do governo.
Carlos Fávaro está sendo malhado por votar contra um projeto de apelo social, mas o voto dele revela afinamento com o Planalto e obediência a recomendação da liderança do governo no senado.
Ruim de pontaria e mal assessorado, Morais atirou em Carlos Favaro e acertou em Guedes e no líder do governo no senado, que foram, indiretamente acusados de defensores de grande banqueiros.
Com esse discurso contra o governo, será que o rei do porco ainda pode ter o apoio de Bolsonaro na disputa ao senado?
Assista o vídeo: