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POLÍTICA Quarta-feira, 28 de Setembro de 2022, 07:44 - A | A

28 de Setembro de 2022, 07h:44 - A | A

POLÍTICA / PISTA CLANDESTINA

Candidato ao senado, Galvan é dono de pista de pouso clandestina em MT

Ruralista foi multado em R$ 1,5 milhão pelo Ibama. Pista fica em fazenda acusada de desmatamento

Tácio Lorran
Metropóles



Presidente licenciado da Aprosoja, alvo do inquérito dos atos antidemocráticos e candidato a senador pelo PTB de Mato Grosso, o empresário bolsonarista Antonio Galvan (foto em destaque) é dono de aeródromo clandestino que fica em uma fazenda alvo de desmatamento ilegal. A pista de pouso, que tem cerca de 1,1 mil metros de comprimento, está localizada na fazenda Dacar, próximo ao município de Vera, a 374 quilômetros ao norte de Cuiabá, no Mato Grosso.

Em 2004, Galvan foi flagrado ao desmatar ilegalmente cerca de 500 hectares de vegetação nativa dessa mesma fazenda. O aeródromo é considerado clandestino, uma vez que não consta na base de dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O órgão informou também que não há processo de inscrição cadastral para a pista de pouso. A existência do aeródromo, no entanto, foi confirmada pelo Metrópoles por meio de imagens de satélite.  

Em maio deste ano, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) lavrou uma multa de R$ 1,5 milhão contra Galvan por fazer funcionar a pista de pouso para operação com agrotóxicos “sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes”. órgãos ambientais competentes”.

O Ibama solicitou ao bolsonarista a apresentação da licença de operação e a autorização da Anac para o aeródromo. Galvan, contudo, não respondeu à demanda. “Não houve o atendimento da notificação e consultamos o sistema Simlam/Sema-MT, onde consultamos se havia algum procedimento em andamento de licenciamento ambiental do aeródromo particular na Fazenda Dacar. Como não encontramos nenhum processo em andamento ou emissão de licenças procedemos a lavratura de termos próprios da fiscalização em nome do proprietário da Fazenda Dacar”, diz relatório do Ibama obtido com exclusividade pelo Metrópoles.

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Fiscais do Ibama estiveram na fazenda em abril deste ano, durante a operação Ceres-MT I. Na ocasião, eles registraram a presença de uma aeronave na pista. O avião, fabricado pela Embraer, consta no nome de Antonio Galvan, apurou o Metrópoles. Ele comprou a aeronave em 2020. Mesmo assim, a omitiu na declaração de bens apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste ano. Procurado nessa terça-feira (27/9), o ruralista não se manifestou. O espaço segue aberto.

Por sua vez, a Anac confirmou que não foi localizado a pista de pouso no cadastro de aeródromos privados do órgão, tampouco processo de inscrição cadastral (abertura ao tráfego) de aeródromos com as características listadas.  

A agência afirmou também que, quando recebe denúncias sobre a existência de pistas clandestinas, “são apurados indícios e fiscalizados aspectos relacionados às competências da Anac, como a verificação da situação legal da referida pista ou do local de pouso”. “Uma vez não constando o registro no cadastro de aeródromos, a Anac toma as providências administrativas previstas para o explorador da área e para o operador da aeronave que realizou pouso ou decolagem na localidade”, explicou o órgão.

O órgão também afirmou que notifica o responsável para que o local seja regularizado ou inutilizado.

“A Anac também encaminha tais denúncias aos demais órgãos competentes, a depender da ilegalidade encontrada, sobretudo quando constituir prática de crime, para que sejam adotadas as providências pertinentes a esses órgãos. Dessa forma, pode haver encaminhamentos à Polícia Federal, ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo, ao Comando da Aeronáutica, à prefeitura local ou ao Ministério Público Federal”, finalizou.

Levantamento feito pelo The Intercept Brasil em parceria com o The New York Times revelou que a Amazônia Legal tem 1.269 pistas sem autorização e registro da Anac. O número supera o de aeródromos legais na região.

Quem é Antonio Galvan

Galvan é presidente licenciado da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) e líder do Movimento Brasil Verde e Amarelo – que representa lideranças do agronegócio que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL).

No ano passado, o bolsonarista foi alvo de mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Mores por suspeita de financiar atos antidemocráticos no 7 de Setembro.

Em suas redes sociais, Galvan se apresenta como “um homem de princípios”, e diz que o país precisa de uma “renovação política”. O empresário também carrega uma série de multas do Ibama por desmate ilegal e venda de soja sem nota fiscal.  

 

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