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POLÍTICA Segunda-feira, 22 de Abril de 2019, 07:54 - A | A

22 de Abril de 2019, 07h:54 - A | A

POLÍTICA / FALSO MORALISMO

Chapa Taques/Favaro foi eleita com dinheiro de Caixa 2, diz delator

Antes de formar dobradinha com Taques para disputar o governo, em 2014, Favaro teria agenciado incentivos fiscais para loja de moveis Martinello pela bagatela de R$ 1 milhão, segundo consta na delação de Silval Barbosa

EDÉSIO ADORNO
Da Editoria de Política



O ex-vice de Taques e candidato rejeitado ao senado, nas eleições de 2018, Carlos Favaro, gasta a grana de seu patrão Eraí Maggi para tentar construir uma imagem de homem probo, de conduta límpida, retilínea e a prova de críticas. O mordomo do rei da soja tem pressa em fabricar uma imagem positiva.

O amigo do rei espera que seu nome seja consenso no agronegócio para disputar eventual eleição suplementar para o senado - na hipótese do TSE confirmar a cassação do mandato da senadora Selma Arruda.

A eficiente equipe de marketing de Carlos Favaro, que é composta por assessores de imprensa, iluminadores, roteiristas, redatores, produtores de frases de efeito, gestores de redes sociais e maquiadores, se esforça para impedir que o passado de Favaro comprometa o futuro de Favaro.

Pelo visto, vai precisar redobrar os esforços. As últimas notícias não são nada boas para Favaro, podem minar sua incipiente carreira política e transformar em pesadelo o sonho obsessivo de assumir a cadeira de Selma no senado.

Em seu acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-governador Silval Barbosa afirmou que Favaro teria recebido R$ 1 milhão em propina do empresário Osvaldo Martinello por intermediação de incentivos fiscais para as lojas de móveis Martinello. O jabaculê teria sido para quitar um empréstimo de Favaro a Neri Gueller. O caso está sob investigação do MPE.

Para não fugir à regra, Favaro e Gueller negam o agenciamento de incentivos fiscais para as lojas Martinello e juram que jamais receberam propina do moveleiro Osvaldo Martinello.

O problema é que o passado do senador derrotado insiste em chamuscar seu presente. A delação do ex-secretário de Educação Permínio Pinto está na praça, nas redes sociais e na imprensa. Nela, o tucano faz revelação aterradora. Segundo ele, Carlos Fávaro (PSD) saberia de todo o esquema de Caixa 2 de campanha que envolveu a candidatura do ex-governador Pedro Taques (PSDB) em 2014.

Permínio conta ainda que Fávaro teria levado a Taques a proposta de um empresário, que pretendia utilizar o dinheiro devolvido da JBS para quitar as dívidas de campanha via Caixa 2.

Segundo Permínio, Favaro foi eleito vice de Taques em chapa custeada com dinheiro de Caixa 2. É com essa autoridade moral, mesmo envolvido em duas delações premiadas, que o paladino da justiça pretender chegar ao senado

“Fávaro teria dito que um empresário lhe deu a ideia para que eles se aproveitassem de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com a JBS/Friboi para que a empresa pagasse as dívidas de campanha”, diz trecho do termo 5 da delação.

Permínio afirma que, antes, em abril de 2015, se reuniu com Fávaro, que já era vice-governador e confirmou que a campanha eleitoral teria ficado em R$ 35 milhões, e não R$ 29 milhões como foi declarado à justiça eleitoral. O delator sustenta ainda que Fávaro teria declarado que o empresário Alan Malouf era responsável pelas doações de campanha e captação de empresários para apoiar a candidatura.

Permínio Pinto foi investigado pelo Gaeco e Defaz, sob suspeita de comandar um esquema de assalto aos cofres da secretaria de Educação. O rombo teria sido da ordem de R$ 56 milhões. Pinto acabou preso por determinação de Selma Arruda, então juíza da 7º Vara Criminal de Cuiabá.

A delação de Permínio complica a vida de Zé Pedro Taques, joga Favaro e toda sua empáfia nas bordas tormentosas do furacão político. E mais: exige posicionamento sério, célere e sem tergiversação da Procuradoria-Regional Eleitoral (MPF) e dos juízes eleitorais do (TRE). A diferença entre o valor gasto (R$ 35 milhões) e o declarado à justiça eleitoral (R$ 29 milhões) revela que a chapa Taques/Favaro teve gastos de Caixa 2 de R$ 6 milhões. Um escárnio ao eleitor.

Seguindo o discurso de Favaro, forçoso afirmar que a chapa Taques/Favaro queimou na largada, foi eleita mediante abuso do poder econômico, de burla a lei eleitoral. Uma ofensa a democracia e ao estado de direito. Essa prática deve ser reprimida pela justiça eleitoral.

Ouvido pela reportagem de A Gazeta, Carlos Fávaro declarou que fica indignado com o envolvimento do seu nome em delações. “Nunca me envolvi em nenhuma irregularidade por conta dos meus princípios”, afirmou.

Estranho que a zelosa Procuradoria Regional Eleitoral não tenha detectado o uso de Caixa 2 pela chapa Taques/Favaro. Mais estranho ainda que a justiça eleitoral tenha comido mosca e deixado Taques/Favaro concluir um governo contaminado em sua gênese por crimes eleitorais.

A chapa Taques/Favaro é uma, indivisível. Na hipótese de Zé Taques ser condenado pelo crime de Caixa 2, Favaro dança junto. A consequência imediata disso é a perda dos direitos políticos de ambos os presepeiros. Nesse caso, o embusteiro e falso paladino da moralidade, Carlos Favaro, estaria alijado do processo político eleitoral. Claro!, após condenação com trânsito em julgado.

Segundo Permínio, Favaro foi eleito vice-governador em chapa custeada com dinheiro de Caixa 2. É com essa autoridade moral que Favaro moveu céus e terra para cassar o mandato da senadora Selma Arruda. Mesmo envolvido em duas delações premiadas, Favaro ainda se considera uma reserva moral. Já se auto lançou candidato ao senado como representante dos poderosos do agronegócio.  

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