EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
Mariana Carneiro informou, na última quarta-feira (24), em sua coluna na Folha de S Paulo, que um grupo de juízes pretende levar um requerimento de conteúdo pedagógico e moralizar a Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e instâncias superiores (STF, STJ, CNJ).
De acordo com Carneiro, os magistrados “querem saber se a juíza aposentada usou o posto para se promover na eleição. Se for o caso, acreditam que Selma deve perder o direito à aposentadoria, até para mostrar aos que tenham pretensões políticas quais são os limites da atuação no cargo”.
A investigação que os falsos paladinos do judiciário querem fazer para saber se Selma Arruda se beneficiou politicamente de sua atuação na 7º Vara Criminal de Cuiabá é desnecessária.
Mandar figuras ilustres e, até então, intocáveis do mundo do crime, para a masmorra da cadeia rendeu projeção nacional a intrépida e corajosa juíza.
Sua consagração nas urnas, com 678.458 votos, foi o reconhecimento da população a sua luta contra a corrupção na administração pública.
Se a juíza Selma deve perder a aposentadoria em razão disso, que assim procedam os hipócritas, inquisidores e ativistas políticos do judiciário de Mato Grosso.
Se tivessem respeito ao contribuinte, a magistrada deveria ser homenageada em praça pública.
O simples fato de colocar na cadeia Silval Barbosa, que foi o líder supremo de uma poderosa organização criminosa que, segundo ele próprio confessou, teria desviado algo em torno de R$ 1 bilhão dos cofres públicos, já seria o suficiente para colocar a juíza Selma Arruda entre as personalidades mais importantes do país.
Um mafioso, para roubar essa montanha de dinheiro e permanecer impune por tanto tempo, precisa corromper, subornar, aliciar e alimentar muita gente. O ódio mortal de uma legião de desnutridos para a juíza aposentada é compreensível.
A repórter da Folha de S Paulo não cita o nome e nem mostra a fuça caprina dos falsos moralistas do judiciário que defendem o sequestro da aposentadoria da juíza Selma Arruda.
Selma desarticulou várias organizações mafiosas, colocou na cadeia dezenas de malfeitores, ganhou legitimidade popular, se aposentou e foi eleita senadora, com quase 200 mil votos de vantagem sobre Jayme Campos, que foi o 2º colocado.
Antes de pedir o sequestro da aposentadoria de Selma Arruda, esses juízes poderiam dar uma exemplar demonstração de intolerância para com a imoralidade, o que não se confunde com ilegalidade, presente no esôfago do judiciário do Brasil e Mato Grosso.
Que tal acabar com a famigerada aposentadoria compulsória?
Os vendilhões do judiciário, mercadores de sentenças, que transformaram o balcão da justiça em porta de entrada para o prostibulo das negociatas espúrias, quando pilhados, são agraciados com gorda aposentadoria compulsória. Essa grotesca imoralidade, por acaso, não deixa os falsos paladinos da justiça em situação constrangedora?
Quantos juízes e desembargadores de Mato Grosso já foram “punidos” com aposentadoria compulsória e continuam impunes a usufruir de imodesto padrão de vida, em pleno desbunde, nas noitadas de luxo da alta grã-finagem cuiabana?
Pelo princípio da proporcionalidade, se Selma Arruda cometeu algum exagero foi para salvaguardar um bem maior: o interesse público e a grana do contribuinte.
Já os mercadores de sentença se beneficiaram da toga, do cargo público e da caneta para favorecer clientes e acumular fortuna.
Será que os falsos paladinos da moralidade vão queimar Selma Arruda em praça pública e preservar os abutres do judiciário?
Qual toga “branca” se atreve a responder essa indagação?